Lá se foi a premiação mais importante do mundo do cinema! Teve de tudo no Oscar desse ano: Chris Rock causando, o urso esperando seu prêmio, o fim do mais antigo meme da história e o testemunho do trator de esteira que arrebatou o maior número de prêmios da noite.
Mas eu vou focar em apenas três pontos que mais mexeram comigo nesse ano, que vou tratar em três posts distintos: o primeiro é sobre a, em minha opinião, injusta vitória de Leonardo DiCaprio para melhor ator.
Leonardo DiCaprio teve sua primeira indicação em 1994, como ator coadjuvante do filme Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador (What’s Eating Gilbert Grape), sendo derrotado por Tommy Lee Jones no filme O Fugitivo (The Fugitive). Mas ali ele já dava demonstração de que teria um belo futuro pela frente.
Após isso ele teve uma sequência de bons filmes, como Rápida e Mortal (The Quick and the Dead), Diário de um Adolescente (The Basketball Diary) e Romeu + Julieta (Romeo + Juliet). E em 1997 ele chegou ao cinema com o grandioso Titanic (que até hoje tem a segunda melhor bilheteria de todos os tempos). Nesse filme ele foi elevado ao estrelato, apesar de não ter sido indicado ao Oscar. Em realidade ele só voltaria a ser indicado ao Oscar em 2005.
Hoje sabemos que Titanic quase foi o fim da carreira de DiCaprio (o rapaz, à época com seus 22 anos) sentiu a pressão da fama e quase desistiu de atuar. Mas acabou desistindo da ideia, e teve outros ótimos filmes no currículo, como O Homem da Máscara de Ferro (The Man in the Iron Mask), Gangues de Nova York (Gangs from New York) e Prenda-me se for Capaz (Catch me if you Can). Mas chegamos em 2004, e saiu O Aviador (The Aviator), uma cinebiografia do magnata Howard Hughes, e no ano seguinte DiCaprio voltou a ser indicado. DiCaprio era um dos favoritos novamente, mas acabou derrotado por Jamie Foxx, que naquele ano viveu Ray Charles na cinebiografia Ray.
Em 2006 DiCaprio esteve em dois filmes fantásticos: Diamante de Sangue (Blood Diamond) e Os Infiltrados (The Departed). DiCaprio foi indicado ao Oscar pelo primeiro, e mais uma vez foi derrotado, dessa vez por Forest Whitaker pelo filme O Último Rei da Escócia (The Last King of Scotland), no papel do sanguinário Rei Idi Amin, ditador de Uganda.
Entre 2007 e 2013 ele ainda apareceu em outros ótimos filmes, entre eles Ilha do Medo (Shutter Island), A Origem (Inception), J. Edgar e Django Livre (Django Unchained). Mas em 2013 viria o filme pelo qual ele seria indicado pela quarta vez ao Oscar em 2014: O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street). Sucesso de crítica DiCaprio via enfim sua melhor chance desde O Aviador. Mas outra vez foi derrotado, e dessa vez por Matthew McConaughey pelo belo Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club). E mais uma vez DiCaprio saiu de mãos abanando.
DiCaprio passou 2014 sem aparecer em filme algum, mas em 2015 ele deu as caras no filme do diretor que foi premiado como melhor diretor no Oscar e ainda teve o melhor filme laureado: Alejandro González Iñárritu, pelo surreal Birdman. E parecia que dessa vez a “maldição” iria, finalmente, encerrar-se.
DiCaprio ganhou praticamente TODOS os prêmios por sua atuação no filme O Regresso (The Revenant) no caminho pro Oscar, entre eles o Globo de Ouro e o prêmio do Sindicato dos Atores. E ele chegou ao Oscar super favorito. E na noite de ontem se confirmou, e DiCaprio FINALMENTE levou esse prêmio que ele por tantos anos buscava.
Mas é agora que eu entro com um pensamento que muita gente que conheço tem: DiCaprio não merecia o Oscar esse ano. E a Academia provavelmente deu esse Oscar a ele pelo “conjunto da obra” após ser ignorado por quatro vezes (ao menos três delas que eu concordo que ele merecia MESMO levar). E ainda digo que ele merecia levar em outras vezes onde ele nem foi indicado, como em Django Livre (onde ao menos merecia indicação, e concorreria diretamente com o vencedor pelo mesmo filme Christoph Waltz), A Origem e Prenda-me se for Capaz.
Em O Regresso DiCaprio teve uma atuação, sim, realmente boa. Mas foi uma atuação puramente física. É digna de nota as coisas que ele fez no filme, mas mesmo assim eu não acho que a atuação puramente física dele era o suficiente para levar o prêmio. Eu realmente preferi Tom Hanks em Ponte dos Espiões (Bridge of Spies) ou até mesmo Matt Damon em Perdido em Marte (The Martian). Mas a Academia resolveu que era hora de DiCaprio levar o seu Careca pra casa, e assim foi.
E parabéns ao astro, que há anos já fazia por merecer esse prêmio!